Assembleia de Minas premia inovações para combater a crise climática
Mais vale acender uma vela que amaldiçoar a escuridão. Esse conhecido ditado popular resume bem a intenção e o alcance do Prêmio Assembleia de Incentivo à Inovação – Crise Climática, que foi entregue nesta segunda-feira (9/12/24) para dez propostas de soluções inovadoras com potencial para prever, evitar ou minimizar as causas ou efeitos das mudanças climáticas no Estado de Minas Gerais.
As dez premiadas foram selecionadas entre 124 candidatos inscritos de diversas regiões do País, no concurso promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) em parceria com o Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC).
A iniciativa teve início com o projeto institucional “Crise Climática em Minas: Desafios na Convivência com a Seca e a Chuva Extrema”, iniciado em março deste ano pela ALMG, ainda antes das inundações históricas que atingiram o Rio Grande do Sul, um dos eventos climáticos mais impactantes que já atingiram o Brasil.
A busca desse protagonismo no enfrentamento à crise climática, que também causa secas e inundações extremas em Minas Gerais, foi lembrada pelo presidente da ALMG, deputado Tadeu Leite (MDB), durante a premiação realizada nesta segunda-feira.
“Rodamos praticamente o Estado todo com o nosso seminário, foram 7 encontros regionais, mais de 300 instituições que participaram em todas essas rodadas no interior e 75 instituições fizeram parte dos grupos de trabalho, incluindo as universidades que atuam no Estado”, recordou o presidente.
O tamanho do desafio imposto pelas mudanças no clima foi explicado pelo presidente do BH-TEC, Marco Crocco. “Recentemente saiu um artigo publicado no jornal The Guardian, uma pesquisa com mais de 1,5 mil pesquisadores climáticos do mundo. E mais de 75% deles estão descrentes de que a gente consiga vencer essa batalha.
“O mundo está numa situação claramente atrasada nas políticas de mitigação do clima, atrasado no financiamento para fazer a transição climática e eu acho que é fundamental a decisão da Assembleia Legislativa de assumir esse papel”, analisou Marco Crocco.
O deputado Tadeu Leite disse que a intenção da Assembleia é ir além do aperfeiçoamento legislativo e construir um plano com ações concretas. “Aproveito já para convidar a todos: no início do próximo ano, estaremos lá no Plenário lançando o plano de ação deste seminário, que estamos finalizando nessas próximas semanas. Através da legislação, de programas, de investimentos, do orçamento, nós vamos buscar de que forma nós podemos ajudar a amenizar esse problema. Mas não tem como nós discutirmos isso sem trazer a inovação e a tecnologia para dentro dessa instituição”, anunciou.
Também acompanharam a solenidade o 2º-secretário da Assembleia, deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT); o 3º-vice, Betinho Pinto Coelho (PV); a presidenta da Comissão de Educação Ciência e Tecnologia, deputada Beatriz Cerqueira (PT) e os deputados Gustavo Santana (PL), Tito Torres (PSD) e Ulysses Gomes (PT).
Premiados falam sobre possíveis ganhos ambientais em Minas
As 10 iniciativas premiadas nesta segunda-feira receberão R$ 60 mil, além da participação em um programa de aceleração promovido pelo parque tecnológico BH-TEC, com o objetivo de viabilizar sua implantação ou comercialização. As 124 propostas apresentadas foram provenientes de Minas Gerais e de outros nove estados. Os temas mais recorrentes foram meio ambiente e segurança hídrica, seguidos por inclusão produtiva e geração de renda e agricultura sustentável.
Conheça os vencedores do prêmio e suas propostas:
Alguns dos premiados citaram exemplos de como as inovações apresentadas podem beneficiar a sociedade mineira. Thais Franco, dirigente da Quasar Space, primeira colocada no concurso, descreveu um sistema de monitoramento de áreas suscetíveis a deslizamentos que utiliza dados de satélites analisados por meio de inteligência artificial. “Em Minas Gerais, são 283 municípios atingidos por esse problema”, afirmou ela, citando dados federais.
O representante do Instituto Antônio Ernesto de Salvo (Inaes), Renato Laguardia de Oliveira, mostrou frutos de cacau que já foram colhidos em áreas do semiárido mineiro por meio de um projeto de sistemas agroflorestais.
Noreyni Grego, da Biotecblue, afirmou que o biofertilizante derivado de microalgas desenvolvido pela empresa pode mudar o quadro de dependência de Minas Gerais dos fertilizantes químicos importados, que dominam 85% desse mercado no Estado.
Douglas Leipelt, da TideSat Global Tecnologia e Desenvolvimento, falou sobre um sistema de monitoramento do nível de corpos d’água que pode evitar tragédias como os R$ 10 bilhões em prejuízos causados nas enchentes de 2022 em Minas Gerais.
Kaio Sardinha, da Befert Nutrição Orgânica, lembrou que Minas Gerais possui cerca de 4 milhões de hectares de pastagens degradadas, uma realidade que pode ser modificada por meio da tecnologia de bioinsumos agrícolas a base de insetos, desenvolvida pela empresa e que já está sendo testada por pequenos produtores de Uberlândia (Triângulo).Play
Exposição
Ainda como uma ação do projeto institucional sobre a emergência climática, a Galeria de Arte da ALMG recebe a exposição Convivência com a Crise Climática em Minas Gerais até o dia 14 de março de 2025.
A exposição inclui texto didático sobre a crise climática; documentário Minas é Muitas: Caos Hídrico, produzido pela TV Assembleia; além de vídeos, painéis de fotografias com audiodescrição e textos sobre experiências bem-sucedidas de convivência com a crise climática, mapeadas em diferentes regiões do Estado.