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Nova face da pandemia

A segunda onda da pandemia de coronavírus em Belo Horizonte está causando aumento da taxa de internação de pessoas mais jovens, em comparação com o cenário visto em 2020. Entre janeiro e março de 2021, pessoas com idade entre 20 e 60 anos tem sido hospitalizadas com mais frequência na capital por complicações da Covid-19, segundo a Subsecretaria de Promoção e Vigilância em Saúde da prefeitura.  

Em entrevista à rádio Super 91,7, o secretário Municipal de Saúde de BH, Jackson Machado, disse que a média de idade dos internados na cidade caiu para 43 anos. Além disso, o tempo médio de internação dos pacientes passou de 13 para 20 dias. “Isso também explica um pouco o aumento da demanda por leitos de UTI, que ficam ‘represados’”, disse o chefe da pasta. 

Especialistas apontam que essa mudança de perfil das vítimas da doença pode estar relacionada com o comportamento de risco de jovens adultos. “Esse grupo geralmente não tem cuidado em relação ao distanciamento social, ao uso de máscara o tempo inteiro. E eles são pessoas que muitas vezes participam de mais atividades coletivas”, explica o coordenador da Subsecretaria de Promoção e Vigilância em Saúde, Paulo Roberto Lopes Correa.  

A maior taxa de internações entre os mais jovens também tem a ver com a nova variante do coronavírus e a imunização dos idosos. “A gente já está com a suspeita de que os idosos estão proporcionalmente internando menos, que são, principalmente, aqueles com mais de 85 anos que já tomaram a segunda dose”, diz Paulo Roberto.  

Outro fator que pode interferir nesse cenário é o próprio aumento do número absoluto de casos positivos de coronavírus no Brasil, na avaliação do professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, José Cássio de Moraes. “Quando você tem um volume maior de internações, você vai ter mais jovens internados. E esses jovens tendem a ficar mais tempo por ser um grupo que tem uma rotatividade menor”, explica o epidemiologista. 

A nova variante, as aglomerações e a imunização da população mais velha também são apontadas pela infectologista do laboratório Hermes Pardini Melissa Valentini. Ela cita estudos realizados na Europa e em Israel que embasam essas teses. 

“A turma mais jovem sempre foi a que teve o maior número de infecção, só que não tinha quadros mais graves. Tem estudos na Europa mostrando que essa população foi a que manteve a pandemia no continente, principalmente durante o verão. E, como a gente está lidando com uma variante com carga viral mais alta, essa é uma das possibilidades”, explica.  

A imunização dos idosos também é apontada como um dos motivos do aumento do número proporcional de jovens internados. “Isso a gente viu em alguns estudos de Israel. Lá a grande maioria da população acima de 60 anos está internada, e eles viram a mudança de perfil de pacientes internados entre a população mais jovem. 

O Tempo

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